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Foto do escritorDiego H. Abreu

"Últimas Conversas (2015)"

Direção: Eduardo Coutinho



Diferente em todos os aspectos. É o que podemos dizer sobre Últimas Conversas (2015), último filme de Coutinho, interrompido pouco antes de iniciar sua montagem pela morte abrupta e violenta do diretor. Devido às circunstâncias, o filme é montado por Jordana Berg e finalizado por João Moreira Salles. Assim como em Babilônia 2000 e Edifício Master, temos novamente o conceito de comunidade sendo filmado, dessa vez são os estudantes do terceiro ano de uma escola pública. Diferente dos filmes anteriores, a locação não faz parte do dia a dia dos personagens por ser um estúdio e não a própria escola ou suas casas. O filme se inicia com um monólogo insatisfeito do diretor, transformando-o em um personagem. Era o quarto, de cinco dias de filmagem, e Coutinho estava insatisfeito com o material obtido até então. Mesmo com novos elementos introduzidos, Últimas Conversas não deixa de ser um filme de Eduardo Coutinho. Apresenta uma breve introdução sobre a ideia que levou ao filme e mostra a realidade da filmagem, sem esconder a equipe ou as perguntas e reações do diretor. Os personagens, mesmo sendo poucos, mantém a essência. Uma boa capacidade de narração e espontânea para poderem construir ligações com os espectadores. A jovem Rafaela é uma das personagens que se destaca no filme. Quer ser da aeronáutica, sonha em um dia poder retribuir tudo o que sua mãe já fez por ela e constituir uma família própria para ser uma mãe diferente da que tem, o padrasto que abusou psicologicamente e da irmã. Rafaela é a única personagem que se emociona, A última participante do documentário é justamente o que Coutinho queria desde o começo, uma criança. A pequena Luíza encanta o diretor com suas falas inocentes e sinceras. Ele a questiona, instiga e participa de suas fantasias. Coutinho se diverte e a equipe também, escuta-se sempre um ou mais risos ao fundo. A entrevista é muito mais uma brincadeira, um momento de descontração do que qualquer outra coisa. Ao final, Luíza se despede do diretor e sai. Ao ser aplaudida na saída, ela volta e agradece o seu público como se estivesse em uma peça de teatro. O encontro com Luíza era tudo o que o diretor mais queria desse filme, a alegria e inocência de uma criança. Jamais saberemos com exatidão o que Coutinho esperava desse filme ou como o teria montado se continuasse vivo. Mas temos um filme fiel aos princípios do diretor, montado e finalizado por quem trabalhou durante anos com ele e sabia qual caminho, seguir. Últimas Conversas encerra a filmografia de Eduardo Coutinho com personagens jovens que muitos falam sobre futuro e o que esperam de suas vidas que está apenas começando, diferente dos filmes anteriores, onde ouvíamos sobre o passado e as esperanças de mudança já eram escassas, devido à dura realidade do dia a dia. Apesar das tristes condições em que o filme foi finalizado, Últimas Conversas serve como um sopro de vida esperançoso no futuro, a certeza de que a vida continua e se perpetua com

A arte.

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