Dirigido por: José Mojica Marins
Calma, Mojica fez uma viagem ao mundo da psicologia freudiana com seu personagem Zé do Caixão, regada a muito LSD.
Em pleno apogeu do amor livre, das drogas psicodélicas e dos hippies, José Mojica Marins concebeu seu filme mais contundente, revoltado e arrebatador através de episódios aparentemente sem ligação, aderindo à metalinguagem para analisar o efeito de seu polêmico personagem no inconsciente coletivo.
No filme um renomado psiquiatra injeta doses de LSD em quatro voluntários com o objetivo de estudar os efeitos do tóxico sob a influência da imagem de Zé do Caixão.
Acaba de virar um dos meus filmes nacionais preferidos, senão O preferido! É totalmente compreensível se alguém odiar esse filme, ele é surrealista e chocante. Foi banido por uns 20 anos por conta da ditadura e foi responsável pela prisão do Mojica. Se você é defensor da moral e bons costumes ou odeia surrealismo, passe longe. Mas o filme consegue ser muito mais do que um amontoado de cenas desconexas, tudo tem um propósito que vai ficando evidente com o passar do filme. Como apontar o descompasso da sociedade em um filme? Através da leitura (visual) de seus maiores medos, pulsões e parafilias.
Obs. E há quem diga que o cinema nacional não produz terror de qualidade...Ah, por favor! Mojica é um gênio! E um baita de um carudo também, porque né, lançar tal filme em plena ditadura militar, onde a censura corria desenfreada, foi muita coragem.
Uma outra coisa que me chamou bastante atenção foi o mundo surreal mostrado no final, durante as “experiências” com LSD. Zé do Caixão aqui virou uma espécie de ''Freddy Krueger'', aparecendo de formas diferentes nas alucinações dos personagens que estão sendo estudados. A fotografia bem-feita, um colírio para um filme de Horror dos anos 70, tanto nas cenas em preto e branco, quanto em colorido, conseguiu realçar bem o clima estranho. Um expoente do cinema NOVO brasileiro.
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