Dirigido por: Nelson Pereira dos Santos
Rever esta preciosidade foi muito mais do que me descobri enquanto espectador legitimamente brasileiro. O filme seguirá acompanhando cinco crianças negras da periferia indo vender amendoim em pontos turísticos. Ousado ao colocar os protagonistas como negros vendedores de amendoim. De maneira bem poética em vários momentos. A construção da narrativa é bem construída, intercalando cenas distintas, mas fazendo-as conectar analogamente (como o gol e o atropelamento), percebemos os abismos sociais que hoje, mais de meio século depois, ainda persistem fortemente, a união da morte com a comemoração é arrebatadora. A construção dos cenários, cidade suja de poeira de terra. O plano sequência que acompanha uma narrativa que mescla com outras narrativas. A profundidade. Os planos detalhes para compor cenas: Ex: quando um homem tenta comprar um amendoim, mas o menino não tem troco, ele devolve o amendoim e sai de cena para que a ela tenha continuidade. As Brigas Nos Estágios De Futebol. A cena que o menino entra de repente em um parque zoológico e se encanta com os animais que estão lá é lindíssima, tocante. Mas Nelson não nos deixa esquecer da desigualdade e do preconceito e o menino é tirado à força, interrompendo aquele momento de êxtase, ao mesmo tempo uma excursão de meninos brancos há passar por ele para visitar o zoológico. Seria possível que cidade de deus fez uma referência com a cena da galinha (pega a galinha) a esse filme? Se sim é genial! O elenco secundário é brilhante e os diálogos são magistrais, seja em sua casualidade. Algumas sequências, sinceramente fiquei perdido (no sense) um deles é a partida de futebol. As cenas do jogo de futebol são “pecadoras”, os jogadores fogem da bola para dar destaque ao personagem, ficou visível e precariedade. Com um dos finais mais tocantes do cinema nacional. Em ritmo de folia mesclando com a cena da mãe desamparada pela perda do filho. Um dos melhores filmes que já assistir, é pura comunicação, informações. Isso é cinema!
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