Dirigido por: Mario Peixoto
Em suas viagens ao exterior Mario Peixoto deparou com uma imagem de mulher em uma capa de revista francesa, ela olhava fixamente para frente, direto para a câmera, quebrando a quarta parede, envolta dela mãos algemadas. Com essa referência já podemos imaginar a angústia, desespero, tudo amarrado em uma prisão simbólica. Ele ficou em êxtase, na volta para o Brasil já tinha várias concepções de imagem em sua mente, para o que mais tarde seria “o melhor filme brasileiro”.
“Limite” tem um início único com três pessoas em um barco pequeno à deriva que conflui por um mar perolado pelo sol.
Mario nos apresenta seus personagens principais, (A condução dos atores, são notavelmente moderna contida, sóbria, tensa como o filme) duas mulheres e um homem, que são jogados no passado através de suas lembranças passada, tudo isso em Poesia visual que parece não ter fim, é falar sem precisar usar palavras. Que mesmo com suas duas horas de duração prende o espectador.
Apresentado pela primeira vez em 17 de maio de 1931, trazendo inovação para o cinema brasileiro como, explorado a câmera, foco, desfoque, movimento de câmera, resultando em uma excelente fotografia do Edgar Brasil sem falar na ótima edição a ser comparado a Serguei Eisenstein, tudo se articula para conduzir, integrar as imagens, em um cinema ainda muito precário, mas que o experimentalismo era fundamental para os jovens diretores.
“Limite” é a fusão de tudo o que o cinema sem som alcançou em termos de inovação e técnica, o que já se fazia lá fora, Mario sendo inovador, transgressor, trouxe o novo para o cinema brasileiro, transformando em um clássico atemporal do cinema brasileiro. Mesmo com toda sua capacidade de visionário “Limite” não teve reconhecimento na época, apenas anos mais tarde que o filme teve seu destaque merecido, talvez se fosse reconhecido em seu ano de lançamento Mario Peixoto fizesse mais obras-primas para o cinema brasileiro. Gostaria de ter assistido “Limite” no ano de seu lançamento sem toda desfiguração ao passar do tempo, seria uma experiência totalmente explosiva.
É angustiante! É perturbador! É cansativo! É poesia! É belo! É reflexivo! É o futuro! Eu apresento “Limite”.
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