top of page
Buscar

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)

  • Foto do escritor: Diego H. Abreu
    Diego H. Abreu
  • 18 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

Dirigido por: Glauber Rocha


Manuel é um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelo coronel Moraes e acaba matando-o numa briga. Ele passa a ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja com sua esposa Rosa. O casal se junta aos seguidores do beato Sebastião, que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritualístico. Porém ao presenciar a morte de uma criança Rosa mata o beato. Simultaneamente Antônio das Mortes, um matador de aluguel a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os seguidores do beato. Fazendo assim Manuel e rosa fugir novamente e se juntando aos cangaceiros. Não é um filme fácil, de fato, porém, não tem como dizer toda ambiguidade existente dentro dele, eu diria três palavras absolutas: Insano, Desumano, Violento. Não necessariamente nessa ordem. Não seria o suficiente explicar a maior epopeia do cinema brasileiro tão superficial assim. Eu abordarei três pontos marcantes dessa obra.

ree

1: “Deus e o Diabo na terra do sol” é dividido em duas partes. A parte da revolta de Manuel com o coronel fazendo ele fugir com sua esposa e encontrando com o Sebastião e passando a segui-lo com esperança de salvação, mas tudo que Manuel encontrou foi loucura e desespero, aponto de deixar sua esposa de lado e participar de um sacrifício de um bebê.

ree

2: Antônio das Mortes, um matador de aluguel a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina todos os fiéis de Sebastião, é a grande referência ao filme, “O encouraçado potemkin” de Sergei M. Eisenstein. Enquanto a edição dava seu toque de perfeição fazendo que apenas um atirador passasse a impressão que estava em maior número. Deixando apenas Manuel e Rosa vivos. E assim a primeira parte do filme se fecha. A partir desse momento, Manuel e rosa vaga pelo sertão acompanhado pela trilha sonora visceral que dita o rumo da narrativa como acontece em todo o filme. Mais adiante eles vão deparar com um pequeno bando de cangaceiros liderados pelo Corisco cangaceiro do remanescente de Virgulino Ferreira da Silva, apelidado Lampião que foi morte pelos “Macacos” (polícia).


ree

3: Manuel se junta ao bando de Corisco e se torna parte deles sendo batizado com o nome de “Satanás”. Com fim próximo, os cangaceiros encurralados pelos “Macacos” (Polícia) e pelo matador de cangaceiros Antônio das mortes. Corisco doa toda sua fortuna para seus companheiros. O final clássico, o duelo de Antônio das mortes e Corisco ao som de uma trilha sonora arrebatadora. Antônio das mortes saindo vitorioso e em outra parte do sertão Manuel e Rosa fugindo dos policiais, fechando com um plano sequência do mar. Simplesmente INCRÍVEL, o final com aquela música, é perfeita, meu deus como eu amo a cultura do meu país nordeste apesar de não conhecer muito, mas o pouco que conheço é perfeito.

Considerações finais. O filme pode chegar a causar uma sensação de estranheza em quem o assiste sem levar em consideração o contexto em que foi produzido, a sua temática, significância para o cinema brasileiro, etc (um desavisado) eu fui um deles.

O realismo que é passado pela narrativa e direção de arte, deixa o espectador com a alma em uma das mãos e na outra o átomo da sua existência.

É filme atemporal, riquíssima em conteúdo e detalhes. Fé, justiça e destino são temas inesgotáveis. Glauber Rocha consegue abordar o tema a partir de uma perspectiva original, fiel a cultura brasileira.

Glauber é com certeza um dos maiores artistas que esse país já viu. Unindo o Neorrealismo, Western em um único filme. Esse filme nos apresenta uma das experiências mais viscerais e talentosas do cinema. Obra de primeira categoria!

Há maldade no santo, há o bem na maldade.

 
 
 

Comentários


  • RedMe

  • YouTube
  • Instagram
bottom of page